segunda-feira - 15 de janeiro de 2024

Descoberta na Austrália: Besouro “ilusionista” engana cupins com sua incrível camuflagem

🪲Conheça o Austrospirachtha carrijoi, o besouro descoberto na Austrália que se disfarça de cupim para se infiltrar nos ninhos.

O Entomólogo Tiago Carrijo revela os segredos desse ‘ilusionista’ da natureza, enquanto cientistas destacam a raridade e os mistérios que cercam essa fascinante espécie.

O entomólogo diz que esses besouros possuem uma relação curiosa e bastante específica com os cupins, mas não são tão raros assim. Existem outras espécies no Brasil que apresentam o mesmo tipo de interação, sendo um deles é o Thyreoxenus alakazam.

Nessa dinâmica, os cupins alimentam o besouro através da trofalaxia estomodeal (transferência “boca a boca”), com um líquido alimentar que contêm o alimento semidigerido e saliva.

🔴Mimetização dos cupins pelo besouro:
Bruno Zilberman, um dos autores do artigo publicado pela revista Zootaxa sobre os comportamentos atípicos do A. carrijoi, conta que o besouro carrega seu abdômen nas costas. Esse abdômen é grande, inflado, membranoso e recurvado por cima do resto do corpo, da forma que a região finaldele fica literalmente acima da cabeça verdadeira do inseto.

“Visto de cima, você só observa o abdômen. O grande truque é que esse abdômen tem a forma de um cupim, com constrições em regiões específicas que criam uma ‘pseudo-cabeça’, um ‘pseudo-tórax’ e um ‘pseudo-abdômen’. Além disso, existem expansões membranosas que são ‘pseudo-antena’s e ‘pseudo-pernas’. Resumindo: o besouro carrega um fantoche de cupim nas costas”, conta Bruno.

Isso ajuda o besouro a se homogeneizar entre os cupins e desviar a atenção de potenciais predadores. Embora os cupins sejam cegos, eles têm uma ótima sensação tátil.

Além da camuflagem morfológica, o inseto também usa uma camuflagem química. Os cupins possuem compostos químicos pelo corpo chamados de CHC, que funcionam como uma impressão digital da colônia. Dessa forma, eles conseguem detectar intrusos, inclusive outros cupins, para expulsá-los do ninho.

Conforme os cientistas, provavelmente, esse “disfarce” evoluiu para enganar os cupins e evitar predadores. Isso porque ambos são insetos, então dividem características comuns aos insetos, mas são muito distintos, com linhagens e características únicas.

Bruno acredita que a evolução desses escaravelhos começou gradualmente, com uma linhagem de besouros que começou a se aproximar dos ninhos de cupins, aumentando o grau de relação e permanência no cupinzeiro.

Os pesquisadores ressaltam a raridade do inseto, o que dificulta estudos sobre ele. São desconhecidas as suas formas de reprodução, onde e como vivem e outros estágios do seu desenvolvimento são um mistério.

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